Novas formas de relacionamento exigem uma nova ética para os MOOCS?
Aos poucos os Moocs se tornam uma realidade no mercado acadêmico e a efetivação da educação aberta, já proposta e recusada muitas vezes.
Eles apresentam uma nomenclatura mais conhecida por sua abreviatura provinda de sua língua mãe. Isto posto MOOC significa – Massive Open Online Courses. Traduzido seu significado extenso pode ser lido na definição seguinte: Os MOOC são programas de ensino e aprendizagem que foram projetados para estudantes dispersos compondo turmas de alunos geograficamente dispersos e que são tidos como cursos de universidades ou iniciativas menos estruturadas.
Os Moocs ainda representam uma pedagogia experimental. A falta de controle mais ativo; a possibilidade de fazer cursos pontuais sem necessidade de certificações ou requisitos anteriores; o estudo do que o aluno deseja; da forma que ele deseja; com conteúdo que ele mesmo escolheu; efetivadas nos locais e horários que lhe são mais convenientes, representam uma liberação nunca antes permitida para que certificações fossem obtidas. Esta é a razão do alto volume de pessoas inscritas e ao mesmo tempo das altas taxas de evasão que estes cursos apresentam.
Pesquisadores envolvidos com a sociologia consideram que este contexto leva à necessidade de um estudo mais profundo relacionado com a ética, não somente da instituição que oferece o MOOC, mas também dos participantes, que ao final das iniciativas, balançam um certificado (ao menos de participação) em suas mãos.
O questionamento vai pelo caminho da ética evolutiva, vista sob uma nova ótica em uma sociedade diversa de todas as que nos antecederam, a geração digital, que na visão de João Mattar, pesquisador paulista, tem diferentes formas de aprender e de se comunicar.
Andrew Feenberg, sociólogo que detém a Research Chair in the philosophy of technology, quando perguntado sobre o assunto, em entrevista a um semanário científico, considera que as questões éticas se colocam como princípios e circulam pelos mesmos corredores que a ética tradicional. Estes cursos devem ser avaliados segundo: sua vontade de não causar dano; o desejo de fazer o bem; o desejo de ser justo; o respeito ao indivíduo; o investimento no capital humano.
Relata o sociólogo que ao que parece, da parte de quem oferece o curso, estes princípios têm sido respeitados. As iniciativas falhas são recusadas pelo próprio mercado, cada vez mais informado sobre seus direitos e deveres, tanto quanto dos direitos e dos deveres das instituições que oferecem estes cursos. Porém em concordância com Anthony Giddens, é preciso levar em conta uma nova ética, devido ao fato que as interações entre os participantes destes cursos, ocorre sem que a presença física nunca venha a ocorrer. O relacionamento criado em relacionamentos sem rosto está baseado em novas relações de confiança com pessoas que não são conhecidas. São novas condições e que exigem a confiança em quem não conhecemos.