Cartilha alerta população sobre golpes de falsos advogados e alvarás judiciais

Material busca orientar cidadãos a identificar tentativas de fraude que usam nomes reais de processos e falsas promessas de liberação de valores judiciais

Manaus – Com o aumento expressivo de fraudes envolvendo falsos advogados e falsos alvarás judiciais, o juiz Flávio Henrique Albuquerque de Freitas, titular do 3º Juizado da Fazenda Pública e membro da Terceira Turma Recursal do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), lançou a 6ª edição da Cartilha de Prevenção a Golpes, voltada a orientar a população sobre como identificar e evitar esse tipo de crime. O material faz parte de um projeto educativo que tem como objetivo fortalecer a confiança do cidadão no sistema de Justiça. Acesse aqui.

De acordo com o magistrado responsável pela iniciativa, a nova cartilha foi motivada por “um aumento expressivo de relatos de fraudes envolvendo falsos advogados e falsos alvarás judiciais, especialmente nas redes sociais e aplicativos de mensagens”.

Ele explica que, nos últimos meses, o Judiciário tem observado “uma sofisticação crescente nas tentativas de golpe, com criminosos se passando por advogados, servidores ou até juízes, utilizando nomes reais de processos e dados públicos para conferir aparência de legitimidade às abordagens”.

O juiz Flávio ressalta que o tema foi escolhido porque esse tipo de crime atinge diretamente a confiança do cidadão no sistema de Justiça, ao explorar a boa-fé de pessoas que aguardam o recebimento de valores judiciais. Por isso, merece uma resposta preventiva e educativa por parte do Poder Judiciário.

Orientações práticas

A cartilha traz orientações simples e objetivas para que o cidadão consiga identificar situações suspeitas e se proteger de fraudes. “O Poder Judiciário não entra em contato por telefone, e-mail ou aplicativo de mensagens para informar sobre valores a receber, depósitos ou alvarás”, alerta o magistrado.

LEIA MAIS:  Nicolas Sarkozy é preso em Paris após condenação por financiamento ilícito de campanha

Albuquerque explica ainda que nenhum servidor ou advogado legítimo solicita pagamento prévio, taxas ou transferências bancárias para liberar valores judiciais. “Toda comunicação judicial é feita exclusivamente por meio dos canais oficiais, como Processo Judicial Eletrônico (PJe) ou o portal institucional do Tribunal”.

Sinais de alerta

Entre os principais indícios de fraude, o magistrado destaca que o contato inesperado é o primeiro sinal de alerta. “Nenhum advogado, servidor ou magistrado entra em contato direto com as partes sem agendamento prévio, ou sem intermediação oficial”, explica.

Outros sinais, segundo o magistrado, são mensagens com tom de urgência ou pressão emocional. “O uso de linguagem excessivamente urgente ou emocional, como ‘você precisa agir agora para não perder o dinheiro’, é típico de estelionatários”, aponta.

Além disso, o cidadão deve desconfiar de pedidos de transferência via PIX, envio de documentos pessoais por aplicativos ou qualquer solicitação de valores sob justificativa de “taxas de liberação”.

Autenticidade

A cartilha também explica como o cidadão pode confirmar se um advogado é, de fato, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “A cartilha orienta o cidadão a consultar o cadastro público da OAB disponível nos sites oficiais das seccionais, bastando inserir o nome completo ou o número de inscrição do profissional”, explica o magistrado.

Em poucos segundos, é possível verificar a regularidade da inscrição, eventuais suspensões e o estado de origem do profissional. “Essa é uma verificação simples, gratuita e que pode evitar grandes prejuízos”, explica.

No caso dos alvarás judiciais, o cidadão deve sempre recorrer aos canais oficiais do Tribunal. “No Amazonas, o Portal do TJAM (www.tjam.jus.br) oferece ferramentas de consulta processual e de verificação de autenticidade de documentos judiciais”, destaca.

LEIA MAIS:  Projeto de Lei do Governo do Amazonas que reduz em 50% as alíquotas do IPVA é aprovado na Aleam

O magistrado enfatiza que “nenhum alvará é expedido por e-mail, aplicativo ou mensagem particular, todos são emitidos pelo próprio sistema processual eletrônico, com assinatura digital e código de verificação”.

Ações preventivas

Para além da cartilha, o Poder Judiciário tem atuado de forma integrada com outras instituições para coibir esse tipo de crime.

“O Tribunal de Justiça mantém diálogo constante com a OAB, compartilhando informações sobre golpes detectados e desenvolvendo campanhas de conscientização conjunta”, relata o magistrado.

O juiz Albuquerque acrescenta que também há investimentos em segurança digital, verificação de autenticidade e educação do usuário, com informações difundidas nas redes sociais oficiais do TJAM.

“Nosso objetivo é fortalecer a confiança da população no sistema de Justiça e reduzir a vulnerabilidade social diante dessas práticas fraudulentas”, afirma.

Fortalecer a cidadania

Em sua sexta edição, o projeto das cartilhas já abordou temas como golpes digitais, fraudes contra idosos, direitos do consumidor em planos de saúde e problemas com voos.

O magistrado explica que “o projeto das cartilhas nasceu com um propósito simples, mas essencial: aproximar o cidadão do Judiciário e fortalecer a cidadania informada”.

Segundo o idealizador do projeto, o juiz Flávio Albuquerque, os temas são definidos com base em situações que surgem nos Juizados Especiais e nos atendimentos ao público, questões que afetam o cotidiano das pessoas e que, com informação adequada, poderiam ser facilmente evitadas.

“O objetivo maior é educar preventivamente, contribuindo para que o cidadão reconheça seus direitos e saiba como agir diante de condutas abusivas ou criminosas, fortalecendo a confiança nas instituições e promovendo uma Justiça mais acessível, humana e segura”, conclui.