Passo a Paço 2026 terá orçamento recorde em ano eleitoral
Evento tem previsão de gasto de R$ 27,4 milhões, conforme a PLOA
Manaus – Em meio a polêmicas sobre falta de transparência, que foi parar na Justiça, o ‘Festival Passo a Paço’ prevê um custo de R$ 27,4 milhões para os cofres do município em 2026, em pleno ano eleitoral. O valor, que consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado à Câmara Municipal de Manaus (CMM), representa um aumento de R$ 2,26 milhões em relação ao de 2025, que foi de R$ 25,135 milhões, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano anterior.
O valor R$ 27,4 milhões cobre apenas os recursos oriundos do Executivo Municipal e montante não consta os investimentos de eventuais patrocinadores do evento.
Tradicionalmente realizado durante o feriado da Semana da Pátria, o festival de 2026 pode ocorrer em pleno período de campanha eleitoral e ser utilizado para promoção de candidatos apoiados pelo prefeito David Almeida, ou até mesmo do próprio prefeito, em caso de uma eventual candidatura.
O orçamento destinado ao “Passo a Paço 2026” é maior do que o previsto para outros grandes eventos da cidade. Segundo o projeto da LOA, a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (ManausCult) tem a previsão de gastar R$ 19 milhões com o Réveillon e R$ 8,776 milhões com o Carnaval no próximo ano.
A falta de transparência sobre os gastos do festival tem sido alvo de questionamentos no Tribunal de Justiça do Amazonas. Em 17 de setembro, o juiz Leoney Harraquian, da 2ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a gestão do prefeito David Almeida e a ManausCult tornem públicos todos os contratos, processos licitatórios, notas de empenho, ordens de pagamento e documentos de patrocínio referentes ao festival “Sou Manaus Passo a Paço” realizados desde 2022.
A decisão foi tomada após uma ação movida pelo vereador Coronel Rosses, que cobra transparência da Prefeitura nos gastos do evento. No despacho, o magistrado estabeleceu uma multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento e exige que a divulgação seja feita nos Portais da Transparência da Prefeitura e da ManausCult.
No entanto, a determinação judicial ainda não foi atendida. No último dia 11, a gestão municipal solicitou à Justiça um prazo adicional de 30 dias para apresentar os gastos detalhados das edições do evento entre 2022 e 2025. O pedido de prazo mantém a polêmica sobre os gastos de milhões de reais destinados ao festival.