Revisão de tarifas sobre exportações brasileiras puxa pauta de negociações entre Brasil e EUA

Brasil e Estados Unidos se reúnem em Washington nesta quinta-feira (16/10) para discutir a revisão das tarifas adicionais impostas pelo governo Trump a produtos brasileiros

O diálogo diplomático entre Brasil e Estados Unidos avança nesta quinta-feira (16) com a primeira rodada formal de negociações para revisar as tarifas punitivas aplicadas a produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano. O encontro, realizado em Washington, será conduzido pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, com o objetivo de reverter a sobretaxa imposta pela gestão Trump.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que o Brasil e os Estados Unidos vão se reunir nesta quinta-feira (16) em Washington para discutir a retaliação tarifária aplicada a produtos brasileiros exportados aos EUA. O encontro será liderado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

Esta será a primeira rodada formal de negociações após o recente contato entre Lula e o presidente americano Donald Trump, realizado por videoconferência na semana passada. O diálogo sucede ainda um breve encontro entre os dois durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.

Comentando o diálogo, Lula brincou ao dizer que “não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”, ironizando a fala de Trump sobre a “excelente química” entre eles.

A delegação brasileira chegou aos EUA na terça-feira (14) com o objetivo de apresentar argumentos econômicos e diplomáticos para tentar reverter as tarifas adicionais que encarecem diversos produtos brasileiros no mercado americano.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um dos principais pontos defendidos pelo Brasil é que o aumento das tarifas tem elevado o custo de vida dos consumidores nos Estados Unidos, além de prejudicar setores produtivos que dependem de insumos brasileiros.

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Haddad destacou que os EUA já mantêm superávit comercial em relação ao Brasil e que há interesse mútuo em preservar boas relações comerciais, especialmente em áreas estratégicas como energia limpa, minerais críticos e investimentos para a transição ecológica.

Entenda o tarifaço dos EUA contra o Brasil

As tarifas adicionais fazem parte da política econômica adotada pela administração Trump, que busca elevar barreiras comerciais a países com os quais os EUA têm déficits comerciais ou conflitos estratégicos, em resposta à crescente competição da China.

Em abril deste ano, os EUA aplicaram uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros, considerada a menor possível, visto que mantêm superávit comercial com o Brasil. Em agosto, no entanto, uma sobretaxa adicional de 40% foi imposta, como retaliação a decisões brasileiras que, segundo Trump, prejudicariam empresas americanas de tecnologia (big techs), além da resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Produtos impactados pelas tarifas

Entre os principais produtos brasileiros afetados estão:

  • Café
  • Frutas frescas
  • Carnes bovina e suína

Por outro lado, cerca de 700 produtos brasileiros — aproximadamente 45% das exportações para os EUA — ficaram de fora da sobretaxa inicial, como:

  • Suco e polpa de laranja
  • Combustíveis
  • Minérios
  • Fertilizantes
  • Aeronaves civis e seus componentes

Desde então, outras mercadorias também foram removidas da lista de tarifação extra após negociações técnicas entre os dois países.

Com o avanço das negociações, o Brasil busca reverter as tarifas que pressionam suas exportações e fortalecer o comércio bilateral, alinhando interesses econômicos e diplomáticos com os Estados Unidos.

Com informações da Agência Brasil.