Vereador Rosinaldo Bual é preso em Manaus com R$ 390 mil em cofre e cheques de meio milhão

Ação do Gaeco investiga esquema de rachadinha na Câmara Municipal de Manaus; parlamentar foi afastado do cargo por 120 dias e teve R$ 2,5 milhões bloqueados pela Justiça

O vereador Rosinaldo Bual (Agir) e sua chefe de gabinete, Luzia Seixas Barbosa, foram presos nesta sexta-feira (3) durante a Operação Face Oculta, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MPAM). A investigação apura um esquema de “rachadinha” na Câmara Municipal de Manaus (CMM), no qual servidores comissionados seriam obrigados a devolver até metade de seus salários ao parlamentar.

De acordo com o MPAM, Bual mantinha entre 40 e 50 assessores, número considerado desproporcional, incluindo pessoas que não desempenhavam funções compatíveis com os cargos.

Durante a ação, os investigadores apreenderam R$ 390 mil em espécie guardados em um cofre, além de dois cheques que, somados, ultrapassam R$ 500 mil. O acesso aos cofres localizados em diferentes endereços ligados ao vereador — incluindo sua residência, um sítio e a casa da mãe — só foi possível após o Corpo de Bombeiros ser acionado, já que o parlamentar se recusou a fornecer as senhas.

Foram recolhidos ainda passaportes, documentos, celulares e computadores, que passarão por perícia. Segundo o promotor Leonardo Tupinambá do Valle, coordenador do Gaeco, o montante reforça a suspeita de movimentações financeiras ilícitas. “O dinheiro era repassado inicialmente a integrantes da equipe de confiança e, depois, revertido em benefício do vereador”, afirmou.

A Justiça determinou o afastamento de Rosinaldo Bual do cargo por 120 dias, a quebra de sigilos bancário e telemático, além do bloqueio de R$ 2,5 milhões em contas vinculadas ao parlamentar, medida que busca assegurar eventual ressarcimento aos cofres públicos.

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O MPAM informou que, até o momento, a investigação atinge apenas o mandato de Bual, sem indícios de participação de outros vereadores. A denúncia formal deve ser apresentada já na próxima semana. O dinheiro apreendido em espécie será incorporado ao processo como prova principal.

Até o fechamento desta reportagem, o vereador e sua defesa não haviam se manifestado.